October 13, 2020 –
152 puntos de vista
“Feminicídios
em
BH:
Duas
mulheres
foram
mortas
pelos
companheiros.
Um
suspeito
foi
preso”;
“Mulher
é
vítima
de
feminicídio
em
São
Cristóvão”;
“Casos
de
feminicídio
sobem
73%
nos
primeiros
três
meses
de
2020
em
relação
ao
ano
anterior
no
RS”;
“Suspeito
de
matar
a
mulher
em
SP
é
preso
em
bar
ao
beber
após
o
crime.”
“Casos
de
feminicídio
dobram
no
Acre
e
governo
faz
campanha
contra
violência
doméstica”
Essas
são
algumas
entres
tantas
manchetes
de
diversos
sites
e
reportagens
televisivas
relatando
casos
de
feminicídio
em
todo
o
país
só
esse
ano.
Os
casos
se
agravam
a
partir
de
março,
que
inclusive
é
quando
começa
o
isolamento
social
recomendado
pela
OMS
por
conta
da
pandemia.
Os
assassinatos
dessas
mulheres
são
efetuados
de
forma
cruel
e
calculista.
Em
alguns
relatos
o
agressor
diz
“sair
de
e
si
durante
o
ato”,
todos
os
relatos
apontam
que
a
causa
foi
o
ciúmes
ou
posse.
O
curioso
é
observar
quantos
desses
homens
se
autodeclaram,
logo
após
o
feminicídio,
vítimas
da
própria
“insanidade”.
Quando,
na
verdade,
o
nome
que
se
dá
é
crime
premeditado.
Vejam
aqui
alguns
relato
sobre
casos
que
aconteceram
em
abril
desse
ano:
“A
Polícia
Civil
de
Boituva,
a
121
km
de
São
Paulo,
prendeu
anteontem
um
homem
de
32
anos
suspeito
de
matar
a
própria
esposa,
enrolar
o
corpo
dela
em
um
cobertor
e
ir
a
um
bar
antes
de
sumir
com
o
cadáver.
“
“A
chilena
Karina
Constanza
Bobadilla
Chat,
de
22
anos,
morta
com
mais
de
20
facadas
no
dia
1º
de
fevereiro
em
Rio
Branco.
O
motivo
do
crime,
foi
porque
a
vítima
não
aceitava
um
relacionamento
com
o
suspeito.”
“Katiane
de
Lima,
de
23
anos,
foi
calada
de
forma
brutal
pelo
companheiro
dela
com
pelo
menos
três
facadas,
no
pescoço,
braço
e
costelas.
Ela
estava
com
o
filho
no
colo
na
hora
que
foi
assassinada
“
“O
da
servidora
pública
Sara
Araújo
de
Lima,
de
38
anos,
morta
a
tiros,
no
dia
13
de
abril.
O
autor
dos
disparos
foi
o
marido
dela,
Jorge
Alberto
Franco
Filho.
Eles
já
tinham
se
separado
por
ameaças
do
companheiro,
Sara
chegou
a
registrar
queixa,
mas
os
dois
reataram
e
tudo
acabou
com
os
dois
mortos.”
Em
todos
os
casos,
o
assassino
utiliza
da
mutilação,
afogamento,
esfaqueamento,
utilizam
ferramentas
como
chaves
de
fenda,
martelo,
pedra,
foice,
arma
de
fogo,
para
matar
sua
companheira.
Segundo
a
pesquisadora,
Jackeline
Aparecida
Ferreira
Romio,
autora
do
estudo
“Feminicídios
no
Brasil:
Uma
Proposta
de
Análise
com
Dados
do
Setor
de
Saúde”,
a
agressão
é
praticado
por
homens
que
tinham
histórico
de
explosões
de
ciúme.
É
como
se
eles
entendessem
que
aquele
corpo
feminino
pertencesse
a
ele.
Uma
vez
que
a
mulher
não
“obedeceu”
à
regra,
ele
quis
destruí-lo.
A
mutilação
vaginal
ou
de
rosto
está
presente
em
40%
dos
casos.
Mas
porque
homens
se
sentem
no
direito
de
tirar
a
vida
de
mulheres?
Porque
na
maioria
das
vezes
a
causa
dessas
mortes
se
dá
pelo
sentimento
de
posse
sob
o
corpo
dessas
mulheres?
Vamos
começar
pela
objetificação
das
mulheres
sustentadas
pelo
patriarcado
O
feminicídio
se
constrói
aos
poucos,
nos
detalhes
do
dia
a
dia
da
relação.
Vem
maquiado
de
ciúmes,
cuidado,
amor,
contada
de
geração
em
geração,
para
homens
e
mulheres,
desde
a
infância,
em
nome
da
manutenção
do
patriarcado
e
da
submissão
da
mulher.
Mulheres
durante
a
história
foram
submetidas
ao
papel
unicamente
satisfatório
para
os
homens,
desde
aos
desejos
físicos
básicos
como
alimentação,
até
os
desejos
sexuais.
Isso
se
dá
muito
por
conta
do
construção
da
masculidade
e
como
ela
influenciou
no
comportamento
do
homem
e
na
exigência
dos
mesmos
sobre
o
comportamento
da
mulher.
Por
ser
alimentada
essa
ideia
moral
cristã
de
que
mulheres
devem
submissão
aos
homens
por
toda
uma
sociedade
imersas
à
ideologias
machistas
e
sexistas,
muitas
vezes
romantiza-se
a
posse
como
sinônimo
de
amor.
Isso
é
alimentado
em
romances
na
literatura,
novelas,
músicas.
Existe
todo
um
contexto
social
que
faz
com
que
o
homem
se
enxergue
como
o
provedor,
o
herói,
o
macho
alfa,
enquanto
a
mulher
como
um
ser
vulnerável,
fraco
e
dependente
(falo
sem
aprofundar
num
quisito
raça,
em
que
para
as
mulheres
negras
e
os
homens
negros
são
dados
papéis
muito
mais
agressivos,
mas
aí
é
um
papo
para
um
outro
texto).
Quando
uma
mulher
rejeita
a
atenção
de
um
homem,
esse
tem
sua
masculinidade
ferida,
e
como
ele
“não
pode”
demonstrar
fragilidade,
apela
para
a
violência.
Só
que
esse
apelo
tem
matado
mulheres
todos
os
dias
e
culpado
essas
mesmas
mulheres
por
suas
mortes!
Durante
o
isolamento
social
o
índice
de
violência
contra
mulher
física
e
sexual
cresceu
de
forma
exorbitante,
porém
diminuiu
o
numero
de
denúncias.
As
vítimas
não
conseguem
se
deslocar
das
suas
casas
para
fazerem
as
denúncias
por
conta
das
medidas
de
proteção
anunciadas
pela
OMS
e
porque
estão
expostas
aos
agressores
vinte
e
quatro
horas
dentro
de
suas
casas
e
por
conta
do
medo,
elas
não
dão
a
queixa.
Há
casos
em
que
o
corpo
da
vítima
só
foi
encontrado
alguns
dias
depois
do
crime
por
alguns
vizinhos
escondido
em
algum
cômodo
da
sua
casa.
Os
vizinhos
encontraram
por
conta
do
mal
cheiro.
Mulheres
têm
seus
corpos
silenciados
com
a
desculpa
do
“amar
demais”
Quem
ama
não
machuca.
Em
tempos
de
isolamento,
a
exposição
desses
corpos
para
com
seus
agressores
é
ainda
maior
e
tem
acabado
com
mulheres
sendo
assassinadas.
O
pior
é
a
naturalização
dessas
situações
e
a
culpabilização
da
vítima
em
todos
os
casos
pela
sociedade
e
muitas
vezes,
a
negligencia
de
tantos
outros
pelo
Estado.
Quantas
vezes
uma
mulher
terá
que
gritar
para
ser
ouvida
e
sua
vida
ser
poupada?
Fuente: Faebahia.blogspot.com